Brasil avança em tecnologia nuclear e inovação

Parceria com China marca novo capítulo em radiofármacos

Nesta quinta-feira (13 de novembro), a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, reuniu-se com o presidente do Conselho da Corporação de Isótopos e Radiação da China (Circ), Xiao Yafei, em Brasília. O encontro selou compromissos para fortalecer a cooperação bilateral na produção de radiofármacos — insumos essenciais para diagnósticos e tratamentos de câncer e outras doenças.

Durante as negociações, as autoridades discutiram a expansão da produção nacional pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), transferência de tecnologia e proteção à propriedade intelectual. A proposta é garantir maior autonomia tecnológica e benefícios diretos para a saúde brasileira.

Segundo Xiao Yafei, a parceria poderá avançar ao longo de 2026, com a criação de uma subsidiária no Brasil e formação de equipe especializada. Questões tributárias de importação de insumos estão entre os pontos práticos em discussão.

Inovação verde na COP30: investimentos em bioeconomia

Na quarta-feira (12), a Finep apresentou na COP30, em Belém, o protagonismo brasileiro em tecnologias limpas e economia sustentável. O presidente da agência, Luiz Antonio Elias, destacou que a ciência amazônica, integrada aos saberes locais, representa um diferencial estratégico para o Brasil e o planeta.

Entre os temas prioritários estão descarbonização do transporte, combustíveis sustentáveis, geração e armazenamento de energia, bioeconomia e economia circular. A agência anunciou três novas chamadas públicas:

Investimentos anunciados

Edital Pró-Amazônia: R$ 150 milhões para infraestrutura de pesquisa na Amazônia Legal

Fundo de investimento: voltado a startups da bioeconomia

Acervos científicos: chamada para projetos culturais e científicos

Nos últimos dois anos, mais de 400 startups foram apoiadas por programas como Tecnova, Centelha, Inovacred e subvenção econômica direta, demonstrando foco na redução de assimetrias regionais.

Tecnologia e saúde: equidade em debate

A FISweek 2025, maior evento de inovação e tendências da saúde na América Latina, reuniu cerca de dez mil pessoas com 700 palestrantes em 14 palcos. O destaque foi o papel da tecnologia para garantir acessibilidade e equidade no sistema de saúde.

O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão alertou para a dependência tecnológica brasileira: 90% dos princípios ativos para medicamentos são importados. Ele enfatizou a necessidade de reduzir essa vulnerabilidade e citou a parceria Fiocruz-iniciativa privada na vacina Covid-19 como modelo de sucesso.

Fernando Pares, fundador da ISA Saúde, apontou que cerca de metade das internações poderia ser tratada em casa, especialmente para doenças crônicas e relacionadas ao envelhecimento — o segmento que mais cresce.

Transferência de tecnologia climática em negociação

Na COP30, a transferência de tecnologia emergiu como um dos temas mais desafiadores nas negociações climáticas. O Acordo de Paris prevê transferência de tecnologia e capacitação para países em desenvolvimento nas ações de mitigação e adaptação.

Até o momento, 111 países já entregaram relatórios de metas climáticas. A diretora executiva da COP30 destacou que esse tema foi um dos poucos que não alcançou acordo na reunião preparatória de Bonn, em junho, sinalizando complexidade nas negociações finais.

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