Podcast sobre a materia – ouca no Spotify
Mercado financeiro brasileiro em alta enquanto governo negocia tarifas
O Ibovespa fechou a quinta-feira (13) com leve queda de 0,07%, aos 157.633 pontos, interrompendo uma sequência impressionante de recordes. Apesar do recuo pontual, o índice acumula valorização de 29,08% em 2025, a maior alta anual desde 2019, quando registrou 31,58%. O dólar comercial, por sua vez, operou em alta de 0,10%, cotado a R$ 5,2975, refletindo a volatilidade do mercado diante de fatores internacionais e domésticos.
Sequência histórica de altas na bolsa
A bolsa brasileira vivencia um momento raro em sua história. Até terça-feira (11), o Ibovespa havia registrado 14 altas consecutivas, aproximando-se do recorde de 15 altas seguidas estabelecido em maio-junho de 1994, pouco antes do Plano Real. Com uma valorização de apenas 3,82% em outubro, a bolsa surpreende pelos ganhos acumulados no ano, impulsionada principalmente por ações de petroleiras, mineradoras e bancos.
Entre os destaques positivos, 14 ações das carteiras do Ibovespa B3, IDIV, Small Caps e IBRX100 acumulam valorização superior a 100% em 2025. A Cogna lidera o ranking com alta de 240,16%, seguida pela Movida (199,03%) e Moura Dubeux (194,04%). Esse movimento reflete uma migração significativa de investimentos para a renda variável.
Negociações comerciais em foco
O encontro entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e o secretário de Estado americano Marco Rubio, realizado em Niagara Falls à margem da reunião do G7, ganhou destaque entre investidores. A conversa abordou o progresso das negociações tarifárias entre Brasil e Estados Unidos, tema crítico para o mercado.
O Brasil enfrenta tarifas de 40% impostas pelo governo Trump e busca reverter a medida. O governo federal também ampliou o acesso de empresas ao Plano Brasil Soberano, iniciativa voltada a apoiar setores afetados pelas tarifas. Mauro Vieira informou que o Brasil encaminhou uma proposta de negociação aos Estados Unidos em 4 de novembro.
Varejo mostra sinais mistos
A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo IBGE nesta quinta revelou desempenho desigual do varejo em setembro. O setor apresentou avanço de 2% na comparação anual e alta de 0,3% na comparação mensal, mas com distribuição regional heterogênea. Tocantins liderou as altas com 3,2%, enquanto Maranhão registrou queda de 2,2%.
Artigos farmacêuticos e de perfumaria subiram 1,3%, e itens de uso pessoal avançaram 0,5%. No varejo ampliado, Tocantins apresentou forte avanço de 11,4%, enquanto Paraná (-1,8%) e São Paulo (-1,6%) ficaram entre as maiores quedas.
Resultados corporativos sob pressão
As companhias abertas apresentam resultados desiguais no terceiro trimestre. A Casas Bahia mostrou crescimento de receita e melhoria de EBITDA graças à maior eficiência operacional, com vendas avançando em todas as frentes — marketplace, lojas físicas e venda direta. Contudo, o prejuízo líquido superou expectativas devido a despesas financeiras mais altas.
O Banco do Brasil, por sua vez, apresentou resultados fracos no 3T25, com EBT 11% abaixo do esperado. O aumento das provisões, pressionadas pela postergação de renegociações no segmento rural, impactou os números. A deterioração da qualidade de ativos — especialmente no crédito rural — levou o banco a revisar para baixo o guidance de lucro e elevar a previsão de provisões. Os indicadores de inadimplência subiram de forma disseminada.
Agenda econômica em destaque
Investidores aguardam a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e da inflação oficial de outubro. Caso o IPCA venha mais baixo que o previsto, haverá abertura de espaço para o Copom começar a cortar a Taxa Selic em janeiro, em vez de março do próximo ano. Juros mais baixos estimulam a migração de investimentos para a bolsa de valores.
Dólar em queda acumulada
A divisa americana apresenta tendência de baixa consistente. O dólar comercial acumula queda de 1,36% apenas em novembro e de 14,12% em 2025. Fatores internos e externos contribuem para essa trajetória, refletindo expectativas sobre política monetária e negociações comerciais.
O que muda para você
Para investidores, a sequência de recordes na bolsa oferece oportunidades, mas também riscos. A concentração de altas em poucos ativos e a dependência de fatores externos — como as negociações tarifárias — exigem cautela. Para consumidores, o desempenho desigual do varejo sinaliza pressões em regiões específicas, enquanto a possível redução de juros pode impactar linhas de crédito. Empresários, especialmente os afetados por tarifas, devem acompanhar as negociações Brasil-EUA e as oportunidades do Plano Brasil Soberano.
Photo by Adam Śmigielski on Unsplash






